Licenciada recentemente em Design de Equipamento pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), Raquel Duarte é uma jovem em início de carreira, mas já com grandes passos dados no mundo da arte. Além do cargo que ocupa como designer na Câmara Municipal de Loures, Raquel Duarte dedica-se também à venda de produtos de artesanato e pintura, que comercializa sob a marca Cutxilândia, tendo já exposto o seu trabalho em diversas feiras regionais, e é co-fundadora, juntamente com Rosa Passinhas, do RE9'Art - Atelier de Restauro e Reciclagem.

Num mundo cada vez mais saturado de novos produtos, é necessário contrariar esta tendência e reinventar e adaptar os objetos que pensamos não ter mais utilidade. A recuperação de peças de mobiliário, tais como cadeiras, mesas, aparadores ou camas, requer muita prática. Quanto mais familiarizados estivermos com as técnicas e materiais, mais bonito e eficaz será o resultado. Este processo envolve várias etapas, que variam consoante o acabamento que queremos dar à peça.

Mesa dos anos 50 antes de ser restaurada.

1 – DESMONTAR A PEÇA

Deve começar-se por separar todas as partes e tirar as peças de metal existentes, tais como puxadores, dobradiças ou parafusos, que devem ser limpos para remover toda a sujidade e gordura.

2 – DECAPAR

Após a sua completa secagem, é necessário retirar toda a tinta que a peça tenha, assim como resíduos de cera ou verniz. A forma mais eficaz de o fazer é utilizar um decapante, que deve ser aplicado sobre a madeira pintada. Deixar agir algumas horas (segundo indicação do fabricante) e posteriormente raspar com uma espátula ou passar com palha de aço nas zonas mais trabalhadas para a tinta sair. Este produto é nocivo, pelo que devemos tomar as devidas precauções para evitar entrar em contato com a pele e com os olhos (recomenda-se o uso de óculos protetores, máscara e luvas).

Por último, lavar a peça e aguardar a sua completa secagem.

3 – LIXAR

Esta fase é a mais importante do processo de restauro, que garante um acabamento mais perfeito e homogéneo. Se a peça estiver bem lixada e sem resíduos de anteriores acabamentos, a tinta ou verniz será absorvido em profundidade e uniformemente pela madeira. Deve iniciar com uma lixa mais áspera (número 80) e terminar com uma mais fina (número 120/150), sempre no sentido dos veios da madeira.

4 – TRATAR AS IMPERFEIÇÕES

A quarta etapa envolve a análise do estado em que se encontra a madeira, e se é necessário aplicar um produto de tratamento contra fungos e térmitas. Também pode ser aplicado o produto para prevenção, mesmo que a peça esteja sã.

5 – MONTAR A PEÇA

Depois de aplicado e seco o produto de tratamento, deve montar o objeto e colar as peças com cola branca, apertando-as bem com a ajuda de grampos.

6 – APLICAÇÃO DE BETUME

É nesta fase que se vão encobrir e disfarçar todas as possíveis imperfeições que a peça possa ter. Deve aplicar-se com uma espátula para a superfície ficar lisa e, depois de o betume estar seco, deve lixar-se para tornar a superfície lisa e homogénea.

7 – PINTAR

Depois de aplicar uma demão de primário para proteger a madeira e impedir que absorva demasiada tinta, deve aplicar-se 2 ou 3 demãos de tinta (sugere-se esmalte acrílico aquoso), em camadas muito finas para obter um melhor resultado. O número de demãos varia consoante a cor da tinta e da madeira. É aconselhável lixar a peça ligeiramente antes de cada demão para a madeira absorver a tinta homogeneamente.

8 – ENVERNIZAR

O verniz vai selar e proteger a pintura de possíveis danos causados pela utilização da peça. Normalmente bastam 2 demãos para ficar com um excelente acabamento, que devem ser dadas no sentido dos veios da madeira. Deve deixar-se secar 12h entre demãos e só estará pronta para utilização cerca de 24h depois da última demão.

Mesa após restauro, com acabamento envernizado.